quarta-feira, 24 de novembro de 2010

As Janelas

    Olho pela janela e vejo um mundo sem escapatória, qual o seu único destino? Retrocesso.
    Sou um velho, vivo com meus cabelos grisalhos e meus chinelos. Não sou dependente de nada e se depender não sou dependente nem de mim mesmo.
    Vivo por somente existir e não por viver em si.
     Mas acreditem se quiserem, dessa mesma janela que vejo esse meu presente atormentado eu consegui relembrar do meu sutil passado. Aqueles sim foram bons tempos.
    Mas, não estaria eu pré julgando algo? Sou um velho não sou? Não tenho o porquê de gostar da geração de hoje, claro que não tenho.
    Então é exatamente aí que eu começo a olhar para uma nova janela, a do futuro. Nessa janela, a qual não pertenço, eu consigo não vivenciar, mas sim entender o que se acontece.
    Afinal, o presente depende do passado, assim como o futuro depende do presente.
    Eu vejo os avanços de hoje, a correria e a modernidade. Não, não sou contra isso, muito pelo contrário, existe coisa melhor do que um passo adiante? Tente você, olhe a sua janela do passado e veja quantos passos deu até aqui.
    Admito que ultimamente tenho me perdido com cada nova descoberta, cada novo cálculo, bem, que seja dito o que é, sou um velho, já lhes disse isso, é compreensível que eu não me encaixe nesse novo mundo, até pelo novo em si.
    Enfim, olhando para o passado, bem para o passado, eu vejo um planeta úmido, cheio de plantas silvestres e insetos. Naquele tempo, ainda não haviam répteis, não havia o homem e então não havia ameaça. Era só e somente a lei da vida.
    Mas pularemos uma grande paisagem do que se mostra nesta janela, iremos direto para o homem em si, sem mencionar seu surgimento, na verdade não quero criar polêmicas, quero só defender meu ponto de vista.
    E então, veio o homem, ah, esse sim não? Esse sim mudaria a história se não do universo, do planeta inteiro! E você sabe disso, com certeza você sabe disso.
    Mas, antes de continuar quero fazer uma breve associação.
    O que pensam por esta palavra: pêlo.
    Imagine um gato, ou melhor, um urso polar, isso, imagine um urso polar no meio da neve. Esse animal, até pelo ambiente em que vive é um animal considerado peludo, os pêlos o ajudam a sobreviver no frio, em temperaturas extremamente baixas. Claro que, o urso polar assim como muitos outros têm a gordura de seu corpo como uma ajuda extra. A gordura não funcionaria sem o pêlo e nem o inverso daria certo.
    Mas voltemos a falar sobre pêlos, bem, olhe para você, comparado a um urso polar, você quase nem tem pêlos, assim como eu, assim como todos os seres humanos.
    Sabe o que nos diferencia dos ursos polares?
     Temos algo muito melhor do que muitos pêlos pelo corpo, temos um cérebro.
     A incrível e fantástica inteligência humana!
     E então veja como a natureza é sabia... Podemos não ter um instinto natural em nosso corpo para nos proteger do frio, mas temos a capacidade e a experiência de fazermos roupas e cobertas para nos aquecer.
    E assim termino minha breve associação, para começar a falar então de algo mais importante.
    Bem, como disse anteriormente, não quero criar polêmicas, mas mesmo assim hei de falar o que quero.
    Evolução.
    Não, não. O homem já surgiu e nesse assunto eu não toco. Falaremos da mente humana, este universo, o único universo, que até hoje não foi desvendado pelo homem.
    Nesta mesma janela eu voltarei alguns anos para poder dar-me a liberdade de explicar-lhes melhor.
    Seguiremos a linha do tempo.
    Pré-história, não comentarei muito sobre essa era, irei ao fundamental, com o descobrimento da agricultura e da escrita demos um passo a frente na história da humanidade.
    Na Antiguidade, encontramos todos os grandes impérios até hoje citados, o egípcio, o grego, e logo depois para dar mais um grande passo na história da humanidade, o Império Romano.
    Veio então a Idade Média, seu início veio com o fim do Império Romano Ocidental e seu término com a tomada dos turcos a Constantinopla ou Império Romano Oriental, atual cidade de Istambul, na Turquia.
    Idade Moderna, começaram as grandes navegações, o descobrimento de novos continentes, as novas teorias, e então, as revoluções, esta era termina com a Revolução Francesa em 1789.
    Mas, passado o que já se passou, vamos falar então do agora e do hoje, Idade Contemporânea.
    Mas, vou mais a frente, sim, me atreverei a isto. Se dependesse de mim, logo depois da virada do século, mudaria para Idade Tecnológica.
    Pois bem, não estou aqui para lhes dar nenhum resumo de suas aulas de História, mas percebam bem, ainda se lembram do que estávamos falando? Evolução, evolução da mente humana. Olhe para essas janelas, veja só como tudo mudou, como nos tornamos experientes e inteligentes durante todos esses anos. Veja cada novo passo na história da humanidade, até um passo na Lua.
    Mas, como eu lhes disse anteriormente a natureza é sabia e ela sabe o que faz. O homem tem o potencial mais poderoso do mundo e, com pesar vos digo, não sabe usá-lo.
    Depois de tanto achar, depois de tanto descobrir, tantas maravilhas e coisas que imaginávamos impossíveis acontecendo, não sabemos mais como andar para frente.
    Nessa era tecnológica a que nos submetemos está o desfecho de uma grande história, o resultado de uma mente poderosa.
    Mas nesse momento, estamos estáticos.
    E assim ficaremos, abriremos novas janelas, isso sim com certeza... E qual será nosso único destino? Retrocesso.
    Não digo que nós voltaremos a agir como os Australopithecus.
    Digo que uma mente tão forte, tão incrível capaz de armar guerras e destruir prédios, é a mesma mente capaz de destruir o seu próprio meio ambiente. Pior do que uma mente mal usufruída é uma mente que não se contenta em destruir a si próprio.
    Quando retroceder, e não digo que seremos nós e nem que será aqui, quem sabe assim, saberemos como realmente agir, tirando o “eu” um pouco de nossas cabeças e colocando um pouco o “nós”.
    Por essa janela de agora, vejo uma sociedade afogada na ganância e presa em suas próprias armadilhas.
    Com muito pesar eu fecho esta janela e não hei de abrir outras, na verdade, não hei de abrir mais nenhuma.
    Cada uma dessas janelas nos mostra uma paisagem diferente, uma parte da história, que juntas mostram a história em si.
    Uma história bem contada é uma nova janela a ser aberta.
    Termino meu testemunho fechando uma janela, expirarei junto com este.
    Mas lembre-se, você sempre pode abrir uma nova janela.
   

#GessycaToledoNetto

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