Pense em um grande amor, pense em uma grande possibilidade, em dois mundos totalmente separados e de algo cujo poderá ser denominado de impossível.
Christina era seu nome, ela era a única pra mim, uma idealização que até então, nem eu conseguia entender o porquê, mas como dizem, não é para se entender, é para se viver.
O que posso lhe garantir é que esse tal de “amor” já me pregou algumas peças. E aposto que até vocês já devem ter caído em seu joguinho, ele chega de surpresa e vai crescendo, vai te consumindo até você ficar quase que como totalmente cego, alucinado, então, como em um passe de mágica ele abre nossos olhos e nos mostra a realidade, a pura e incrível realidade que estava ali, estampada em nossos rostos e que não fomos capazes de enxergar porque estávamos, em uma maneira mais poética, cegos de paixão.
Hoje em dia não penso mais em amor, nem em possibilidades. Sou frio, qualquer tipo de afeto para mim são aqueles que sempre esperam algo de volta.
Mas, houve um tempo, houve um tempo em que eu, vamos assim dizer, me ceguei completamente.
Eu tinha 16 anos, naquele tempo, o pior de meus problemas era a puberdade. Mas isso é detalhe. Como já mencionei, havia uma garota, ela era o ideal de muitos da minha idade. Pra mim, ela era perfeita.
Christina era boa aluna, atleta, e eu nunca havia ouvido nenhum boato ruim que fosse referente a ela ou que viesse dela.
Vivia em Mashville, uma cidadezinha típica de interior, o que muitos denominariam de fim de mundo. Eu gostava dali, ah, eu gostava muito, gostava mais dela, e gostava dela por ela morar ali.
Mas, eu nunca fui capaz de ser apenas um conhecido para ela. Alguns amigos até tentaram ajudar, mas eu era impossível.
Independente de morar em uma cidade pequena, meus pais eram donos de fazenda, ou melhor dizendo, não tínhamos uma renda muito baixa. Na verdade, era bem alta. E eu já percebia que isto atraía alguns espécimes do sexo feminino. Mas, nenhuma era que nem ela, nenhuma era que nem Christina.
Certo dia, fui obrigado a ir a uma festa com meus pais, era uma espécie de encontro entre fazendeiros e produtores, algo um tanto quanto fino até. Foi lá que conheci Isabella.
Isabella tinha 22 anos, cursava seu último ano em medicina e assim como eu, estava ali por obrigação. Ela vivia em uma metrópole, não muito longe de nós e veio visitar seus pais e a cidade onde nasceu e cresceu. Mas, logo percebi que éramos totalmente diferentes.
Ela odiava Mashville com todas as suas forças e só veio porque a mãe havia lhe suplicado e que provavelmente ganharia algo em troca, ela nunca teve ilusões amorosas e consegue explicar exatamente o porquê dela sempre se afastar de qualquer sinal que possa vir do amor.
Mas, percebi que independente dela fugir desse sentimento, ela entendia mais dele do que qualquer outra pessoa que eu conhecia, talvez ela já tenha vivido alguma decepção que a fizesse pensar deste jeito, isto, é algo que nem eu e nem vocês vão ficar sabendo, pois eu nunca fui capaz de perguntar. Mas, uma coisa eu sei, ela me ajudou muito.
Contei de Christina, contei o que sentia e na intensidade em que sentia. Ela se propôs em ajudar-me, deu o seu telefone para mim e disse que sempre que precisasse de conselho era para eu ligar.
Quando estava indo embora, ela veio se despedir e em uma última palavra disse:
- Nem tudo o que parece é.
Não entendi direito. E sei também que fiquei uns dois meses sem ligar para ela.
Em um certo dia, me lembrei dela e tomei coragem de ligar, ela não reconheceu a princípio, então comecei a contar o que acontecia, Christina era uma menina simples, vivia nos arredores de Mashville e não tinha muito dinheiro para se manter, mas que ela era extremamente inteligente e muito bonita. Logo depois, contei de Amanda, esta, que foi apresentada a mim por minha mãe, menina filha de dono de fazenda, requintada e com etiqueta, minha mãe deixava transparecer claramente as suas segundas intenções com o que estava fazendo. Não neguei que pra mim, Amanda não seria menina de se jogar fora e ela mostrava que sentia algum interesse a mim, mas que Christina era única. Confessei que até tentei me aproximar dela, tentei começar a conversar com ela, a tentar levá-la para casa, sempre mostrando meu interesse e carinho, que nunca foi retribuído.
Isabella logo me disse que eu estava em um momento um tanto quanto delicado, nada que eu já não soubesse, e disse que eu logo teria que escolher por uma, o que for pra ser será, o que tiver de ser, irá acontecer e ponto. Disse que o destino não é algo concreto, assim como o amor, ele muda conforme as nossas escolhas mudam. Disse-me que não adianta eu tentar conquistar Christina com bens materiais, se ela é uma garota esperta, ela espera algo esperto e intelectual de mim. E finalizando, repetiu a mesma frase: Nem tudo o que parece é.
A partir daquele momento, houve uma mudança drástica em minha forma de pensar e de agir, eu usava mais a minha cabeça antes de falar ou fazer qualquer coisa. Mudei tanto, que até Christina percebeu. Aos poucos ela foi começando a se soltar. E eu não acreditava que eu havia mudado por ela.
Logo estávamos juntos. Era perfeito. Eu a amava, eu a tinha. Minha mãe não escondeu seu ódio pela minha decisão tampouco que não havia ido com a cara de Christina. Mas se eu estava feliz era o que importava.
Passou-se dois anos e estávamos indo para a faculdade, estava em treinamento para arcar com os negócios da família e Christina havia decidido ir cursar direito na mesma metrópole em que Isabella morava.
Juramos um ao outro de que esperaríamos o tempo que fosse para que pudéssemos estar juntos novamente e felizes.
Passei aquele primeiro ano distante dela em pleno sufoco, não conseguia viver direito sem tê-la por perto, logo fui vivendo normalmente com a esperança de sua volta.
Não a esqueci em nenhum momento. Mas, eu me lembro bem daquela noite, estava em uma festa, Amanda estava lá. Ela estava incrível. Linda. Assim que percebeu minha presença logo veio conversar comigo. Com uns goles a mais, estávamos loucos. Não demoramos a sair dali. O calor subia por entre nossos corpos e o prazer aumentava.
Não fomos vistos por ninguém, mas nosso relacionamento nunca mais foi o mesmo, porque eu sabia que ela me queria e eu a cada vez que a via a queria mais e mais. Mas, eu sempre tinha Christina em mente, neste momento em pânico e dúvida.
Quando Christina voltou, um mar de alegria me dominou, mas não demorei a pensar em Amanda, entre mim e Christina já não era mais a mesma coisa.
Até que me lembrei da frase que Isabella falava pra mim: nem tudo o que parece é. Ela tinha razão, eu achava que estava perdidamente, loucamente e obsessivamente apaixonado por ela, mas não. Agora o que eu mais queria eu não poderia ter e o que eu tinha, que antes era o que eu mais queria, eu não quero ter mais.
Depois de um tempo, Amanda se casou com outro filho de dono de fazenda. Quanto a mim, eu me separei de Christina, agora ela está casada com um terapeuta.
Elas continuam lindas.
Não penso mais em amor, penso em prazer e elas ainda são as melhores da minha lista.
#GessycaToledoNetto

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